segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

TEATRO DO OPRIMIDO " INOVAR SEMPRE " ( Josemar Costa)


Uuuufffaaa.... procurando ocupar todo espaço da sala....., há....... isso é muito bom, pois toda aula tem um pré aquecimento, isso ajuda muito na hora das atividades que a professora Gisele inicia, pois prepara nosso corpo e mente para pensarmos diferente e reinventar ações do nosso cotidiano. Sei que não é fácil ser aluno de teatro apesar da correria de chegar à aula bem cedo, mais a maior recompensa vem durante as atividades que se renova a cada dia no desejo de contribuir no processo da educação maranhense. Bom, o mais gostoso de tudo é que estou apreendendo a dar mais valor aos detalhes do cotidiano, ter um olhar diferente de tudo, e inovar na criação. O teatro ajuda a mediar e enriquecer processos educacionais como forma de desenvolvimento onde pode servir para a reprodução ou para a transformação da sociedade.

Irei falar resumidamente um pouco do que realizamos nessa segunda etapa do processo prática da criação dramática, onde estudamos teatro do oprimido.

E se falando no teatro do oprimido não podemos esquecer-nos de comentar teatrólogo Augusto Boal o qual desenvolveu uma metodologia através da linguagem teatral onde promoveu autonomia e capacidade crítica tornando o espectador em ator. A partir de uma proposição básica, o envolvimento do espectador para que ele entre em cena e atue criticamente diante de uma situação de opressão tentando desfazê-la, Boal vai desenvolver uma série de formatos, que podem ser infinitamente diversificados dependendo da situação. Além daqueles que a professora Gisele trabalhou em sala de aula, como o Teatro Fórum, Invisível, de Imagem, Jornal, destaca-se ainda o Teatro Fotonovela, que é montado seguindo o modelo da estrutura dramática das fotonovelas, porém reinterpretadas pelos participantes a partir de sua realidade local.

No teatro de imagem percebi como podemos construir uma imagem real, e depois reconstruir para uma imagem ideal, fazendo intervenções como exercitamos na sala de aula. Cada grupo construiu sua imagem real, e depois seguiu com movimentos e logo depois de inserido os sons. Ao ter intervenções de outros grupos nas imagens, percebemos que poderíamos dar sentido à imagem construída, ou seja, reconstruir e tornar fazer uma releitura da imagem novamente, mais isso não se fez uma só vez, a professora pediu que se encontrasse a imagem ideal, e por isso vária alunos deram sua contribuição. Meu grupo ficou com o tema violência.

 Aqui então se chega ao teatro do oprimido dando afirmação a todos aqueles que defendem a separação do teatro da política, pois teatro é uma arma, e como tal pode ser usado para a liberação

Então vou falar o que eu aprendi;

Em primeiro lugar buscar sempre formas novas, apropriadas a uma realidade em eterno movimento, pois em todo o discurso de Boal está implícito o estímulo para o livre pensar, para o livre exercício de reconstruir esta realidade quantas vezes necessárias for. O autor defende que a imaginação dramática está no centro da criatividade humana, assim como uma criança em sua infância, quando brinca pela primeira vez fingindo ser outra pessoa, ela desenvolve o humor, personifica o outro. Essa identificação é principio básico do processo dramático e segue na juventude quando imita algo e na fase adulta, quando se coloca no lugar de alguém.

Augusto Boal no livro Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas, já relatava que “os meios artísticos significavam uma concessão que o clero fazia às massas ignorantes, incapazes de ler e de seguir um raciocínio abstrato, e que podiam ser atingidas exclusivamente através dos sentidos” (1988: 72)


Cada linguagem é absolutamente insubstituível. Todas as linguagens se complementam no mais perfeito e amplo conhecimento do real. Isto é, a realidade é mais perfeita e amplamente conhecida através da soma de todas linguagens capazes de expressá-la (BOAL, 1988, p.137, grifos do autor).
 
Referências

BOAL, Augusto. Jogos para atores e não atores. 10. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
___. Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas. 5. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1988.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

de:Tiago para: Apote


DE: TIAGO ANDRADE
PARA: APOTE
“O teatro é uma arma e é o povo quem deve manejá-la!”
Augusto Boal.

A aula começou com um alongamento, depois partimos para um jogo onde cada um escolheu... CARALH... VEJA BEM! Eu não coloquei o “Ó” porque menores de 18 podem estar acessando este blog neste exato momento. Você se assustou né? Deve estar ainda com as sobrancelhas contraídas e se perguntando? O QUE É ISSO?Confessa que você achou um tanto estranho este protocolo começar assim. Huumm... Agora sacudiu a cabeça para um lado e para o outro, Pensando: esse garoto tem problema! Putzs... Cansei de escrever protocolos descritivos. Não desmerecendo os colegas que gostam... Nada contra! Não me entenda mal, pelo amor de GOD! Só quero deixar este protocolo mais descontraído assim como são as nossas aulas, por falar em aula, vou te contar um pouquinho sobre a aula de teatro do oprimido, esta pronto, Apote? Vixe, eu não te falei né?! Vou te chamar de Apote!  Ok?! Porque eu vou te chamar assim? Ah... Leia até o final e descubra!

Apote, não trapacei indo para o fim da pagina para saber o que significa.
CONCENTRE-SE!

Apote, você sabe quem é o Boal?

Não, não é o homem que apresenta o BBB!
Augusto Boal foi o criador do teatro do oprimido, e se hoje existem vários CTO’s espalhados pelo mundo! É graças a ele.

Isso mesmo! CTO significa: Centro de Teatro do Oprimido.

Caraca mandou bem, pensei que você fosse ao teatro mais não soubesse o que é  TEATRO!

Pensei que assistisse só aquelas peças que... Enfim!

Depois eu te falo! (sussurrando) tem muita gente lendo este blog...

APOTE, o teatro não pode ser usado como um simples meio de entretenimento, ele deve ser um conversor, da “caixa de mentiras” em uma inquietação para o “circulo da verdade” vivemos na era do “vicio tecnológico”, a todo tempo nos são ordenadas escolhas que nos impossibilitam de qualquer indagação. E é neste momento que as artes devem liberar os seus projéteis.Penso que todos os grupos teatrais verdadeiramente revolucionários devem transferir ao povo os meios de produção teatral, para que o próprio povo os utilize, a sua maneira e para os seus fins”. (BOAL, 1975, p.127)

Ah! Viu na citação o ano?

Durante este período ele esteve fora do Brasil, passou por muitos países, em 1973 esteve no Peru e lá teve contato com o (ALFIN) que foi um programa de alfabetização para adultos e pôde analisar o teatro como linguagem, destaquei um trechinho pra você entender melhor o que é o teatro do oprimido, “para que se compreenda bem esta poética do oprimido deve-se ter sempre presente seu principal objetivo: transformar o povo, “espectador”, ser passivo no fenômeno teatral, em sujeito, em ator, em transformador da ação dramática. ”(BOAL, 1975, p.127) Deste modo, o teatro sendo bem direcionado tende a manter a essência defendida pelo autor, a poética do teatro do oprimido e suas praticas têm por finalidade ser um importante transformador, pois este sucinta o público a questionar a sua realidade. “Tudo esta sujeito á critica, á retificação. Tudo é transformável...” (BOAL, 1975, p.142).

Então, Deu pra você entender?!

O quê? Você quer saber por que te chamo de Apote?

Vou te contar:





                                                                                                             (continua...)
Referência:
BOAL, Augusto. Teatro do oprimido e outras poéticas políticas. 1975. Ed: Civilização Brasileira S.A.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Teatro do Oprimido: Entre ilusões e revoluções


Por Tiara Sousa

“Por isso, eu creio que o teatro não é revolucionário em si mesmo, mas certamente pode ser um excelente “ensaio” da revolução” BOAL, Augusto. 1973. p. 139
Logo na primeira aula sobre o Teatro do Oprimido, assistimos a um vídeo sobre o Augusto Boal e me encantei pelo que assistia, pois o que vi, li e ouvi se fundia com tudo o que eu aprendi a crer e onde moram meus ideais.
Cresci frequentando reuniões comunistas com a minha mãe, fazendo boca de urna para os candidatos que tinham somente um ideal e a troco de nada além da crença num mundo melhor, enquanto na realidade vivíamos o capitalismo e a democracia nada democrática. Cresci lendo os poetas favoritos do meu pai, e entre Nauro Machado e Fernando Pessoa eu e meu pai vivíamos histórias que não eram nossas, e que eram tão nossas, enquanto na realidade a poesia nem era considerada coisa de gente descente.
“A técnica da quebra de repressão consiste em pedir a um participante que se recorde de algum momento em que se sentiu particularmente reprimido, e em que aceitou essa repressão, passando a agir de uma maneira contrária aos seus interesses, ou aos seus desejos.” BOAL, Augusto. 1973. p.174
Para as pessoas de um modo geral a vida é muitas vezes difícil, mas com o tempo elas se habituam com os percalços e enfrentam as dificuldades até com uma certa naturalidade, para outras a vida parece nunca ficar mais fácil, e essas outras tem uma imensa dificuldade de ficar na realidade, costumam passar mais tempo na ilusão, eu falo com propriedade, pois sou uma dessas pessoas. Eu tenho um mundo particular, e nele cabe todos os tipos de fantasia, o que me fez assistir aos filmes de roteiros mais tristes, ouvir as músicas de letras mais intimas, ler os livros de fantasia mais bruta, escrever os textos menos convencionais e me interessar pelo Teatro.
No mundo real eu estudei numa escola onde eu era umas das três únicas negras, eu tirei ótimas notas, mas fui a aluna mais desajeitada do balé, eu contestei e protestei por todas as injustiças que eram cometidas com os outros, mas nunca tive coragem de protestar por mim, criei o meu próprio faz de conta pra fugir de tudo o que me afetava, já que quase tudo me afetava, e nunca mais desaprendi da ilusão.
“As classes dominantes dominam as dominadas através da repressão; os velhos dominam os jovens, através da repressão; certas raças a certas outras, os homens às mulheres, sempre através da repressão. Evidentemente nunca através do entendimento cordial, da honesta troca de ideias, da critica e da auto critica.” BOAL, Augusto. 1973. p.173
O Teatro do Oprimido, para mim tem um sabor diferente, que não é exatamente do novo, ou do desconhecido, mas do autoconhecimento, do resgate da minha biografia de comunismo e poesia, de uma realidade que não me assusta tanto, uma realidade travestida de fantasia e ornamentada com miçangas e paetês, que nem por isso deixa de ser realidade, nem mesmo deixa de me requisitar enquanto ser humano que utiliza a arte para lutar contra os preconceitos, as injustiças e as intolerâncias.
Eu nunca sei o que esperar de uma aula da Disciplina de Prática da Criação Dramática, e de uma maneira que nem eu mesma consigo explicar, eu temo isso tanto quanto gosto. Como perdi a segunda aula da unidade, que segundo meus colegas de turma teve como proposta jogos específicos e corpo, a terceira aula foi ainda mais surpreendente, fomos divididos em grupos e nos foi proposto o Teatro - Jornal.
“Consiste em diversas técnicas simples que permitem a transformação de noticias de jornal em cenas teatrais.” BOAL, Augusto. 1973. p.165
Não pude evitar pensar no quão invasivo era aquele autor, com que direito ele invadia a minha ilusão com seus jogos com elementos de realidade, com aquelas matérias de jornais. Eu já estudei Jornalismo, já trabalhei em jornais, que cobravam que eu escrevesse sobre o mundo real, com uma frieza que eu não tinha, sem poesia, sem romantismo, sem protesto, sem loucura, eu nunca quis escrever sobre nada que não fosse a minha própria ilusão, não era isso que eu esperava encontrar no Teatro, e ainda bem que passado o susto, pude perceber que nem foi exatamente isso que encontrei.
Boal invadia a minha ilusão, a professora Gisele invadia a minha ilusão, e eu e os demais integrantes da minha equipe crivámos a partir de uma notícia, uma comédia e essa comédia soava como um protesto, eu fui ficando mais a vontade e percebendo que essa tal realidade nem me assustava mais tanto assim, já que sou no fundo resultado da criação que tive, o que faz de mim uma contestadora e questionadora, ainda que contida. Eu me encontrava naquele jogo, naquela proposta, naquele resultado, que embora mal acabado devido a nossa inexperiência e a minha péssima narração, era bem aceito e compreendido. E eu que passei a vida inteira fugindo da realidade, corria para ela de braços abertos, com pudores mínimos e com o idealismo de toda uma geração.
Se a proposta de Augusto Boal é de um teatro livre, em que todos são atores e encenadores, em que o corpo deixa de ser tabu e torna-se instrumento de comunicação e de arte, em que o povo oprimido se liberta, em que a ilusão e a realidade se fundem, em que o desconfortável torna-se conteúdo e em que o processo é de natureza tão comunista e poética quanto o meu coração, então que o Teatro do Oprimido seja um ensaio da Revolução, que invada todas as minhas ilusões, sem pedir licença e nem fazer cerimonias.

Referencias: BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas. Rio de Janeiro. Ed. Civilização Brasileira. 1991.

O mundo solidário de Boal

Por: Necylia Monteiro

Augusto Boal não acreditava que seríamos humanos, dizia que éramos pré-humanos, quase iguais a animais, porque não existe solidariedade, e que só através desta conseguiríamos fazer eclodir, nascer uma verdadeira humanidade, e que o teatro pode ajudar nessa caminhada, nascido 1931, no bairro da Penha, na cidade do Rio de Janeiro é o criador de uma forma de teatro entre todas as outras: O teatro do Oprimido!

O teatro do oprimido é teatro na acepção mais arcaica da palavra: todos os seres humanos são atores, porque agem, e espectadores, porque observam. Somos todos espect-atores [...] Todo mundo atua, age, interpreta. Somos todos atores. Até mesmo os atores! Teatro é algo que existe dentro de cada ser humano, e pode ser praticado na solidão de um elevador [...] Em qualquer lugar... Até mesmo dentro dos teatros. (BOAL, 1931.p ix)

Essa forma de teatro é além de política, uma vez que surge da denuncia a um contexto histórico brasileiro que é a ditadura, um tanto terapêutico, social, polêmico, democrático e acima de tudo exemplo de rupturas. Em muito inspirado no teatro político de Brecht[1], utiliza-se de uma mesclagem de leituras artísticas, podendo comportar diferentes estilos de dramaturgia. Boal possibilita através do teatro do oprimido, que as pessoas se expressem e sejam atuantes (questionar, resolver, falar) no que diz respeito a seus problemas em sociedade.

Em seu livro, Jogos para atores e não atores, nos é apresentado um verdadeiro arsenal do teatro do oprimido, em cinco categorias de jogos e exercícios (joguexercícios havendo muito de exercícios nos jogos e vice-versa) este ultimo no sentido de reflexão física sobre si mesmo, isto é, designar movimentos físicos, musculares, respiratórios etc. que ajude a conhecer/reconhecer seu corpo e suas relações. Ao passo que os jogos, tratam da expressividade dos corpos como emissores e receptores de mensagens, são diálogos, exigem interlocução (extroversão).

Sua primeira série, exercícios gerais, é muito utilizada como jogo de aquecimento, possibilita aos participantes um primeiro contato, percebi que é frequente a utilização do Hipnotismo colombiano, cujo jogo consiste em ações de ser o opressor e ser oprimido, podendo ser feito em duplas em que cada participante deve experimentar as duas ações. O jogo é bastante flexível, com inúmeras variantes, esse jogo expõe um pouco sobre o que o Teatro do Oprimido pode te proporcionar, a vivência de ora ser opressor e ora ser oprimido, é um jogo de autoconsciência, em que você experimenta também a solidariedade.

Romper com esses discursos é importante! Quantas vezes eu fui oprimido? Já oprimi alguém? São essas questões que em minha opinião devem ser levantadas, uma vez que se caminha de acordo com Boal a uma humanidade.

Com a segunda série, As caminhadas, mergulhei um pouco mais no universo de Boal, logo no início ele fala que de todas as nossas mecanizações, o andar é o mais frequente, andamos de forma individual, mas esses andares se aproximam quando nos referimos a mecanização, ele reflete um pouco também sobre nossa adaptação a determinados lugares, por exemplo, a maneira como ando no centro histórico de São Luís, não é a mesma de como ando na Rua Grande, centro comercial de São Luís, e BOAL (1931) fala ainda: “Mudar nossa maneira de andar nos faz ativar certas estruturas musculares pouco utilizadas e nos torna mais conscientes do nosso próprio corpo e de suas potencialidades”

A fim de experimentar essa nova (para mim) forma de teatro e de estimular novos estudos e possíveis materiais dramatúrgicos, sugeri a alguns integrantes do Grupo Cara de Arte[2], que me ajudassem nos estudos e experimentações dessas caminhadas, de onde surgiu a intervenção artística Percurso, feita no dia quatro de fevereiro, na Rua Grande, centro comercial de São Luís-MA. Essa intervenção prevê um alerta a sociedade de consumo excessivo e aos andares automatizados do dia-a-dia corriqueiro. Abaixo estão alguns registros, infelizmente não pude editar o vídeo mas em breve ele estará disponível no blog!
 
Peformers: Ruan Paz e Necylia Monteiro
 

 “O povo oprimido se liberta. E outra vez conquista o teatro. É necessário derrubar muros! Primeiro o espectador volta a representar, a atuar: [...] Teatro Imagem. Segundo, é necessário eliminar a propriedade privada dos personagens pelos atores individuais: Sistema Coringa.” O tempo ficou curto com tanta coisa pra conhecer sobre Boal seu Teatro do Oprimido, mas havia um fragmento desse teatro que precisava ser entendido, que para mim é essencial para se entender o todo: o TEATRO IMAGEM!

Perece uma tarefa difícil falar sobre teatro imagem de maneira sintética, uma vez que se constitui da maneira mais genial de todas de utilizar da linguagem corporal como meio de expressão. Mas vamos lá! Experimentamos teatro imagem no dia quinze de janeiro, nos dividimos em quatro grupos com quatro temas distintos sugeridos por nós que eram: Violência, Política, Cultura e Sexualidade. Tivemos um momento de discursão sobre o tema, todos bastante pertinentes ao nosso meio social.

Ao som de palmas, com discursões ainda fervendo em nossas cabeças, imagens eram refletidas, de repente poderíamos ver Violência, Política, Cultura e Sexualidade em nosso corpo! E esse foi nosso aquecimento, feito várias vezes e em ritmos diferentes. Quem dera podermos ter tempo de sobra pra experimentar todos os temas... Tivemos que escolher um, e o que mais estava inserido em nós era Cultura!

O objetivo era primeiro construir corporalmente a imagem real, depois a imagem ideal, nosso material humano para fazer a escultura era o grupo que discutiu Cultura no inicio da aula, e os escultores eram o resto da turma. É difícil se chegar a um consenso quando se pensa de modo individual, queríamos a mesma coisa, que se desse espaço e respeito às diversidades culturais do nosso estado, mas nunca ninguém estava satisfeito, e as esculturas viviam mudando, as coisas se complicam quando não podíamos usar palavras, a vontade era tão gritante que tínhamos que falar!

“Não é permitido falar em nenhuma hipótese. O máximo que pode fazer cada escultor é mostrar com seu próprio rosto a expressão que deseja ver no rosto do participante-estátua. Depois de organizado este conjunto de estátuas, deve-se discutir com os demais participantes, se todos estão de acordo ou se propõem modificações. Todos têm direito de modificar o primeiro conjunto, no todo ou em parte. O importante é chegar a um conjunto modelo, que na opinião geral, seja a concreção escultural do tema dado, isto é: este modelo é a representação física deste tema!” (BOAL, 1975, p.144).
Não chegamos a nossa imagem ideal, logo, ao objetivo do jogo, apesar do teatro ser uma arte de grupo, infelizmente o pensamento individual, não nos deixou chegar a nosso objetivo, ainda temos muitas caminhadas rumo a humanidade, poderíamos começar pelo respeito a diversidade artística cultural! A imagem abaixo foi o nosso ponto, as ilustrações foram só pra reforçar nosso objetivo não cumprido, do respeito a nossas diversidades.
 
Percebemos as enormes discursões desses abrangentes temas, então dinamizamos um pouco dividindo a turma em dois grandes grupos, em que se executa a imagem real um para o outro, dinamizamos ainda mais os quatro grupos iniciais executando ao mesmo tempo: um movimento, depois um som, outro movimento e outro som, em seguida uma pessoa por vez. Mexemos um pouco depois com o grupo política, e ai sim o nosso a parti de foi experimentado, não era mais imagem era cena! Inserimos marcações, havia um roteiro, havia intensões e até experimentamos o tão falado Coringa! Como mostra o vídeo a seguir.
 “Espectador”, que palavra feia! Com o teatro do oprimido, o espectador passa a ser atuante, sujeito, nas mesmas de condições que os atores que também devem ser espectadores, estabelecendo assim certa democracia. Augusto Boal estabelece a poética do oprimido como “essencialmente uma poética de libertação, em que o espectador se libera, pensa e age por si mesmo! Teatro é ação!” (BOAL, 1975, p.169).
Boal faleceu no dia dois de maio de 2009, antes disso expandiu o teatro do oprimido para além do Brasil, onde ainda hoje é praticado, contribuiu em muito para rupturas de uma sociedade oprimida pelas ditaduras, foi exilado por acreditar numa forma de libertação, foi o mestre de muitos outros mestres que hoje enriquecem a dramaturgia brasileira, Boal acreditava que era uma busca, alguém que quer sempre fazer algo que nunca fez e que todo mundo é muita gente ao mesmo tempo, queria ser lembrado não na contemplação, mas na prática, no exercício do seu método, a cada jogo, a cada peça, a cada intervenção, não no retrospecto, mas no futuro, nas ações de cada pessoa, na libertação de cada oprimido!






[1] Brecht, Eugen Bertholt Friedrich (1898-1956). Dramaturgo e diretor de teatro alemão, poeta, jornalista e teórico, responsável por mudanças radicais na elaboração do espetáculo e criação da personagem [...] pretendeu escrever o teatro da era científica, épico ou dialético [...]. Defendeu de forma radical o princípio de que a “arte dramática deve ter a tarefa primordial de despertar a consciência crítica do espectador para os problemas sociais e poéticos de seu tempo”[...]. (TEIXEIRA, 2005.p.55)
[2] O “Grupo Cara de Arte – Formação de Jovens Artistas” foi fundado no bairro Santa Clara no ano de 2006, a partir da realização de atividades de extensão promovidas pelo curso de Teatro da Universidade Federal do Maranhão onde Leônidas Portela (ex-aluno do curso e recente professor do curso de Teatro da UFMA) ministrou oficinas de Teatro e Dança. Suas propostas de trabalho são fundamentadas e visam integrar diferentes linguagens artísticas potencializando a autonomia criativa de seus integrantes. Este projeto já resultou em diferentes experimentos performáticos e montagens de espetáculos de teatro e dança, instalações, intervenções e etc.
 



REFERÊNCIAS
TEIXEIRA, Ubiratan. Dicionário de teatro. São Luís: Instituto Geia, 2005.
BOAL, Augusto. Jogos para atores e não atores. 13ª ed, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S.A, 1975.
PONTUAL, Emanuelle V. Oficina de Teatro do Oprimido, disponível em: http://etorosadosventos.blogspot.com/


Corpo da arte oprimida


O CORPO DA ARTE OPRIMIDA 
                                 Vinicius Viana

Buscando as tecnicas do Teatro do Oprimido, a disciplina de Pratica das criações dramaticas veio nos proporcionar uma viagem pelo mundo tão rico do mestre Boal, este que ficou conhecido por buscar atraves do teatro imagem, que transforma questões, problemas e sentimentos em imagens concretas. A partir da leitura da linguagem corporal,  representado na imagem, e o Teatro-forum que produz uma encenação baseada na realidade, na qual personagens oprimidos e opressores entram em conflito, na defesa de seus desejos e interesses.O teatro é a mais bela forma de produzir conhecimento para oprimidos, tranformando este em um ser pensante da sua condição, criando um dialogo da atual situação.

                                                             "Aquele que transforma as palavras em versos transforma-se em poeta; aquele que transforma o barro em estátua transforma-se em escultor; ao transformar as relações sociais e humanas apresentadas em uma cena de teatro, transforma-se em cidadão."
                                                                                                                                                                                                                                      Augusto Boal 
      
As atividades realizadas pela professora Gisele, como o opressor e oprimido o qual eu conhecia tambem como hipnotizado-hipnotizador, guiado pelas mãos ou os olhos do companheiro, uma forma magnifica de trabalhar o foco, a expressão dos componentes,  a questão do domínio sobre o corpo do outro  junto a ousadia, impondo experimentar novas sensações e assumindo novas posições que jamais se assume na vida diária. O trabalho de Boal junto ao corpo do ator é a pratica pedagógica colocando o sujeito com as mais diversas estruturas na cena, o mesmo cita de maneira sabia

                                                   Podemos mesmo afirmar que a primeira palavra
do vocabulário teatral é o corpo humano, principal  
fonte de som e movimento. Por isso, para que se
possa dominar os meios de produção teatral, deve-se
primeiramente conhecer o próprio corpo, para poder
torna-lo mais expressivo. Só depois o espectador estará
habilitado a praticar formas teatrais que, por etapas,
ajudem-no a liberar-se e assumir a de ator, deixando
de ser objeto e passando a ser sujeito, convertendo-se
de testemunha a protagonista (Boal 1973,p.143)
No que tange a teorias praticas desta forma teatral, o oprimido exerce a função como principal protagonista colocando sua opinião no corpo em cena, dinamizando suas discussões no processo criativo de modo poético e libertário,  um verdadeiro jogo onde o cenario é sociedade, a cultura oprimida é o protesto, uma busca incessante de quem atua, pois neste teatro todos atuam, somos espectatores, que encontram nesta arte plural de ser e fazer o singular.
  

Como assim teatro?


por Marcelo Lopes

“Eu sou tanta gente diferente para mim, que eu nem sei quem eu sou... eu sei apenas quem eu quero ser” ( Augusto Boal)


Antes de nos desesperarmos em buscar (ou pelo menos tentar) o conceito de teatro, tenho uma pequena e pessoal nota de observação: “Nos tornarmos expectadores de nós mesmos, é a primeira forma de fazer (ser) teatro, eu sendo o meu próprio diretor, meu contrarregra, meu figurinista, meu maquiador, meu cenógrafo, meu ator e eu mesmo, sou o meu universo e o meu nada, a minha desgraça e a minha alegria, sou um ser pensante e um ser passivo da passividade humana, colocado na maquina da vida que funciona como uma engenhoca velha, que com um problema ou outro, faz o seu papel de verdade, eu sou tudo isso junto e misturado eu sou Marcelo Lopes, eu sou teatro”.
Com o sorriso que só ela sabe dar, um sorriso que mais parece narração e que por vez vale lembrar, isso aqui não é nem uma babação! Estou falando é da professora Gisele, que mais uma vez, nos apresenta um conteúdo, que entra em nossas cabeças sem nem pedir licença, e quando se percebe nós estamos lá, fazendo ,criando e rindo, e desta vez, não foi diferente, pois nos foi apresentado o teatro imagem, onde a discussão por temas problemáticos na sociedade e no mundo nos levam a uma expressão onde o “corpo-imagem”, diz toda a indignação e revolta por tais problemas, e esse contato se deu da seguinte forma: A turma foi dividida em grupos de 4 (quatro) pessoas , onde com temas  propostos e aceito pelos alunos, foi feito a divisão dos próprios temas nos grupos, e o grupo onde eu me encontrava, tinha como base de discussão a violência, nesse sentido Augusto Boal afirma que:
Esta forma de teatro-imagem é, sem dúvida, uma das mais estimulantes, por ser tão fácil de praticar e por sua extraordinária capacidade de tonar visível o pensamento. Isto ocorre porque, quando se usa a linguagem idioma, cada palavra utilizada possui uma denotação que é a mesma para todos, mas possui igualmente uma conotação, que é a única para cada um.
(BOAL Augusto, 1991, p.159)



Em uma discussão sobre o tema “violência”, colocamos situações pessoais, e boa parte do que se tem de referencia sobre o assunto, a parti disso, a proposta era montar uma imagem, que simbolizasse a palavra violência, tendo como base também toda a discussão. Após a imagem montada foi pedido que fizéssemos uma movimentação, referente ao tema, depois apenas um ia fazendo a movimentação individualmente, sendo que os outros integrantes continuavam estáticos, e após todos fazerem a movimentação, foi pedido que falássemos uma palavra, primeiro todos juntos, depois só um, até o momento em que nos foi instruído que interagíssemos um com o outro, mas ainda no mesmo estilo de apresentação, apenas um falava, depois voltavas à imagem original e assim sucessivamente. A partir disso Augusto fala que:
Através desse processo, será possível observar se um conjunto se transforma em outro (real em ideal) por obra graça do Espírito Santo, ou se a transformação se opera pelas forças em contradição no seio mesmo do conjunto. ( Boal Agusto 1991, p. 160)


Depois de todo esse processo, foi escolhido um grupo, que a partir da imagem real ( a que foi criada por eles), a sala tinha que interferir na mesma , para que se chegasse a imagem ideal para todos presentes, o que não se deu com grande êxito, pois a partir da imagem do grupo que tinha como tema a cultura, a função era de fazer mudanças, e interferir,  foram feitas varias transformações, e varias indagações, e em relação a isso Boal diz:
Não diga o que pensa: venha e mostre! O participante ia e mostrava, fisicamente, visualmente, o seu pensamento. ( Boal Augusto, 1991 p.157 )
O importante é chegar a um conjunto modelo que, na opinião geral, seja a concentração escultural do tema dado, isto é: este modelo é a representação física do tema! Quando finalmente se chega a uma figura aceita mais ou menos unanimemente.
( Boal Augusto, 1991 p.156)
Depois de tantas mudanças e discussões sobre como seria a imagem ideal, acabamos não conseguindo alcançar a imagem onde todos estariam satisfeitos, mas uma boa parte da sala aceitou, e as imagens seguiram da seguinte forma:
1°(Imagem real)

                
2 ° ( interferência por Tieta)


 3° ( interferência por Tieta)


                 4° ( interferência por  Fernando)


5° ( interferência por Necyllia)


                 6° (interferência por Carla e Ligia)

7° (interferências)



( imagem aceita como ideal)

                 
A ultima imagem foi aceita por parte da sala como ideal, o que não alcançou o objetivo geral da proposta, que era acima de tudo chegar ao conjunto modelo e de opinião geral.
Por fim! Quero esclarecer que na minha opnião o teatro imagem ( e teatro no geral) e uma das melhores formas que temos  para transformar a realidade atual,  a realidade, onde cultura vira assunto de macacos peludos e gordos, que se importam apenas com o dinheiro, em que violência se torna a cultura do mais forte  para oprimir o fraco, e em que o artista se torna modelo de desmoralização por moralizar a sua arte. O teatro sem conceitos, preceitos e preconceitos é a única forma de nos elevar a qualidade de humanos, pois como dizia o grande Agusto Boal: “ Somos ainda pré-humanos”.



REFERÊNCIAS:
BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido. Rio de Janeiro: Editora: Civilização Brasileira, 1983 p.156, 157, 160.


                       Augusto Boal – O poeta que transcreve a realidade de forma teatral.

Por: Márcia Maia
 
“Ser humano é ser teatro”
                                                                                                                                           Augusto Boal
 

Sob a influência dos conhecimentos transmitidos pela professora Gisele Vasconcelos sobre Augusto Boal, dramaturgo e ensaísta brasileiro de renome internacional, podemos a partir da II Unidade da disciplina Expressão Corporal ter maior aproximação com sua obra Teatro do Oprimido, assim como tecer nossos próprios conhecimentos sobre este grande teatrólogo nacional e internacional conhecido.
A facilidade como tal obra fora explorada pela então professora e seu assistente (mestrando/estagiário) Alysson Ericeira, proporcionou a turma, por meio da prática, se apropriar e identificar não só a unidade desta obra, como também reconhecer sua força política e social, cuja importância pedagógica é acessível a todos quando refletida que “o educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão.” (Paulo Freire, p.26). Assim, no sentido de tornar os futuros docentes capazes de despertar e reconhecer que todos têm algo a contribuir na construção do conhecimento, a professora Gisele administrou a II unidade por meio de experimentos e reflexões, proporcionando aos alunos conjecturar a cerca da obra e sua materialidade com a ação/atividade proposta em sala de aula.
O processo de desenvolvimento da referida unidade, deu-se por atividades que foram divididas por etapas de aprendizagem, as quais também foram complementadas por elementos enriquecedores como a apresentações de arquivos em vídeo sobre Boal. Destacamos aqui algumas etapas do processo, das denominaremos a partir de então de técnicas:
1 – Conhecimento do próprio corpo: por meio dos comandos dados, os alunos vão articulando o corpo por parte até despertá-lo por completo, porém a parte do corpo que é mais exigida nessa técnica é as articulações dos pés que por meio de diversos movimentos e posições são ao mesmo tempo massageados, como também alongados. Para Boal a importância de cada um conhecer seu próprio corpo tem como objetivo fazer com que tenhamos consciência das possibilidades que o nosso corpo oferece, como também das condições que o trabalha que realizamos prova deformidades, ou seja, “cada um deve sentir a “alienação muscular” imposta pelo trabalho sobre o seu corpo” (Boal, p. 145).
2 - Hipnotismo: a turma é dividi em dupla e o comando dado é para que uma pessoa da dupla estenda seu braço e deixe sua mão estendida a alguns centímetros do rosto do companheiro, com a palma da mão vira para o nariz deste, e a partir de então este último seguirá todas as direções impostas pela palma da mão, pois seu olhar tem que estar fixada na mão do companheiro, sendo posteriormente invertidos os papéis.
3 – Estátua: divididos por dupla, o comando é que uma das pessoas da dupla no primeiro momento manipule o outro da maneira que melhor achar que deva fazer. As manipulações são de acordo com o manipulador, tendo somente o cuidado de não machucar o companheiro em um movimento que possa trazer desconforto. Para quem é manipulado deve deixar seus corpo sem vontade própria e submeter-se a vontade do outro.
Após as técnicas preparatórias acimas descritas, onde corpos foram preparados e mentes assumiram, em momentos distintos, o lugar de opressor e oprimido, foi proposto à turma ser dividida em quatro grupos, sendo que cada grupo faria uma a encenação a partir de uma reportagem em jornal escolhida anteriormente. A notícia deveria ser dada por meio de encenação que deveria esta baseada em técnicas simples que transmitem a informação sem necessariamente utilizar da linguagem escrita. Dessa forma, cada equipe foi orientada a escolher uma das técnicas (leitura simples; leitura cruzada; leitura com ritmo; ação paralela; improvisação; histórico; reforço; concreção da abstração; texto fora do contexto) que pudessem fazer com que sua notícia chegasse da melhor maneira possível aos alunos (espectadores).
Percebe-se que a técnica desenvolvida por Boal tem como fundamento o caráter humanitário, pois proporciona a todos, de uma forma ou de outra e em dados momentos, a ocuparem o papel de oprimido e opressor, fazendo com que reflitam como podem mudar suas atitudes e tornar um mundo melhor para todos.

Referências bibliografias:
 Boal, Augusto. Teatro do oprimido e outras poéticas políticas. Rio de Janeiro Ed: Civilização Brasileira S.A. 1975.

Freire, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura)

 

Teatro-Imagem: uma linguagem não-verbal.


          Por: Jeane Silva

              Augusto Boal um dos dramaturgos mais citados na atualidade, foi um dos autores abordados em um dos módulos da disciplina Prática de Criação Dramática. O modulo em questão trataria do tema “Teatro do Oprimido”, e nenhum nexo teria falar em Teatro do Oprimido e suas classificações sem mencionar Boal. O teatro do oprimido é o teatro da libertação, onde deixa de existir a divisão que determina quem encena e quem observa, todos são atores e encenadores. “as classes dominantes se apropriaram do teatro e construíram muros divisórios” (BOAL, 1975). E foi para derrubar esses muros que Boal utilizou o recurso teatral e assim, “O povo oprimido se liberta. E outra vez conquista o teatro.[...] o expectador volta a representar, a atuar [...]”(BOAL, 1975).Na unidade foi vista as sub-unidades, teatro imagem e teatro jornal. Neste escrito irei fazer uma observação a partir do vivenciado na aula que abordou o teatro imagem, quanto a aula cujo tema foi o teatro jornal, infelizmente não acompanhei até o final por motivos de saúde.
A aula de teatro imagem, foi direcionada pelo mestrando e estagiário Alysson Ericeira, com o acompanhamento da Professora Gisele Vasconcelo, como de costume, a aula iniciou com um aquecimento, denominado “Mosquito Africano”. O aquecimento exigia concentração e agilidade, no inicio foi difícil conseguir conciliar o ritmo com os movimentos, mas bastou um pouco de concentração  e todos seguiram sincronizados. Logo depois a professora Gisele dividiu a sala em 4 equipes cada uma com 3 integrantes, em seguida pediu-nos sugestão de temas, que teriam que está relacionados com a sociedade em que vivemos, “um tema determinado, de interesse comum, que os participantes desejem discutir” (BOAL,1975), vários temas foram expostos e dentre todos foram escolhidos quatro: Cultura, sexualidade, violência e politica. Fez-se o sorteio do tema, a equipe que fiquei era composta por Fernando e Arisson, o tema sorteado por nós foi a sexualidade, nos foi dado alguns minutos para discussão e então chegamos a conclusão que nosso tema seria mais amplo do que pensávamos, discutimos vários temas que relacionavam se com o tema central e dentre todos escolhemos tratar da exploração sexual. O ministrante pediu-nos que escolhêssemos um encenador, que
expresse sua opinião, mas sem falar: deve apenas usar os corpos dos demais participantes para “esculpir” com eles um conjunto de estátuas, de tal maneira que suas opiniões e sensações resultem evidentes.[...]Deverá determinar a posição de cada corpo até os detalhes mais sutis de  suas expressões fisionômicas.” (BOAL, 1975)
Foram apresentadas todas a cenas congeladas, em seguida  foi nos dado a seguinte instrução: “Façam um movimento devagar”, “executem um som”, “Falem uma palavra”. Logo após a exposição das cenas, a professora escolheu um tema para ser analisado, o tema escolhido foi cultura, “Depois de organizado este conjunto de estatuas, deve-se discutir com os demais participantes”  (BOAL,1975), a equipe expôs esculturas que representavam a cultura como é vista em nosso estado, e o que nos foi mostrado nada mais era que o velho clichê ao qual a cultura é relacionada, o Bumba-Meu-Boi, com a cena em foco, a professora nos perguntou que imagem nós víamos, a principio não foi identificado o tema e foi necessário a equipe revelar o tema, “Todo o debate é feito pelos “escultores” que modificam “esculturas”” (BOAL,1975), com o tema já conhecido por todos fomos orientados a modificar as estatuas como achássemos mais conveniente, “Todos  têm o direito de modificar o [...] o conjunto, no todo ou em parte” (BOAL,1975), a modificação seria com a finalidade de chegar a imagem ideal, ou seja, aquela imagem que colocaria um fim ao problema exposto, as modificações foram feitas conforme a vontade e visão de cada um, a professora só nos pediu que fosse respeitando a opinião do outro. E as modificações seguiram com cada um modificando apenas uma estátua afinal “o jogo com imagens oferece muitas possibilidades. O importante é sempre analisar a viabilidade de transformação” (BOAL,1975). Quando chegamos a um consenso a imagem escolhida como imagem ideal mostrava as diferentes formas de cultura e não apenas o Bumba meu Boi, como mostrava a imagem real apresentada pela equipe. Após a escolha da imagem ideal, a professora pediu que fosse mostrado  a imagem de transição, que seria a imagem que melhor exibe o caminho para chegar ao que seria a imagem ideal para o problema exposto “isto é, temos uma realidade que queremos transformar; como transforma-la?” (BOAL,1975). No momento todos concordaram que a melhor imagem que demonstraria tal transição seria a figura de todos abraçados, em sinal de união e aceitação. A aula  concluiu-se com a professora indagando-nos se teria ficado claro o conceito de teatro imagem.
Conforme por mim observado o teatro imagem é um teatro onde todos expõem suas ideais, “é sem duvida, uma das mais estimulantes, por ser tão fácil de praticar e por sua extraordinária capacidade de tornar visível o pensamento” (BOAL,1975) mas para tal sucesso de execução da forma teatral em questão, é preciso em primeiro lugar respeitar a visão dos demais integrantes, e ao modificar a imagem não alterar o sentido da cena, apenas acrescentar. 

BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira. 1991.