por Wilson Teles T. Jr.
O
principal objetivo da poética do oprimido é transformar o público, o simples
“espectador”, em ator, um transformador da cena. Diferente da poética de
Aristóteles, em que se dá o poder ao personagem para que esse pense e atue no
lugar do espectador; e de Brecht, que o público tem seu papel representado por
um ator, mas mantém seu direito de pensar, na Poética do Oprimido de Augusto
Bohal o espectador é colocado como o personagem, dando assim o direito ao
espectador de procurar soluções às situações apresentadas.
Diante
disso, a turma passou pelas quatro etapas que Bohal sugere para preparar nosso
corpo e mente para o teatro do oprimido. Chegamos então ao Teatro-Imagem, que
funciona assim, são dadas palavras e os grupos montam uma imagem real do tem
que lhes foi proposto. Após essa montagem do real, um dos participantes,
previamente escolhido, trabalha como um escultor e agora pode moldar os demais
como bonecos e montar sua imagem do que seria ideal a aquela proposta, mas sem
falar, podendo no máximo mostrar com o próprio rosto quais feições quer que os
companheiros façam. No mesmo momento foram praticados o teatro-debate, o
teatro-fórum e o teatro-jornal.
A
sala foi dividida em grupos e todos montaram sua imagem real e depois os grupos
eram escolhidos para serem remodelados. Para grupo do qual participei recebemos
uma reportagem sobre a cultura da nossa ilha, logo associamos a cultura ao fato
das mudanças e supervalorização, somente, das brincadeiras de Bumba-Meu-Boi. E
mais o fato do governo do Estado ter entregado dinheiro publico a uma escola de
samba.
Começando
o processo montamos novamente a nossa imagem real, e a professora permitiu que
os demais colegas de sala fizessem modificações tornando nossa imagem real à
imagem ideal deles. Nossa imagem inicial começou com a representação dos Bois
de São Luís sob o comando da atual governadora. Logo todos começaram muda-la.
Surgiram
escritores, professores, regueiros, quebradeiras de coco todos meios de
simbolizar, valorizar e transformar a nossa cultura. Tudo envolto no trabalho
de Bohal de fazer falar, fazer pensar, fazer agir.
O
teatro do oprimido vem como um meio de produção que os grupos de teatro passam
para o povo para que eles o utilizem da maneira como bem entendem para resolver
situações cotidianas.
Um
processo hora falado, ora de atos e mais que tudo cheio de significado. Afinal
o teatro do oprimido nos dá o direito artístico de falarmos e assim nos
incentiva a tornar nossas vozes mais ativas.
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BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S.A, 1975.
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