sábado, 2 de março de 2013

Fazer falar, fazer pensar, fazer agir


por Wilson Teles T. Jr.

O principal objetivo da poética do oprimido é transformar o público, o simples “espectador”, em ator, um transformador da cena. Diferente da poética de Aristóteles, em que se dá o poder ao personagem para que esse pense e atue no lugar do espectador; e de Brecht, que o público tem seu papel representado por um ator, mas mantém seu direito de pensar, na Poética do Oprimido de Augusto Bohal o espectador é colocado como o personagem, dando assim o direito ao espectador de procurar soluções às situações apresentadas.
Diante disso, a turma passou pelas quatro etapas que Bohal sugere para preparar nosso corpo e mente para o teatro do oprimido. Chegamos então ao Teatro-Imagem, que funciona assim, são dadas palavras e os grupos montam uma imagem real do tem que lhes foi proposto. Após essa montagem do real, um dos participantes, previamente escolhido, trabalha como um escultor e agora pode moldar os demais como bonecos e montar sua imagem do que seria ideal a aquela proposta, mas sem falar, podendo no máximo mostrar com o próprio rosto quais feições quer que os companheiros façam. No mesmo momento foram praticados o teatro-debate, o teatro-fórum e o teatro-jornal.
A sala foi dividida em grupos e todos montaram sua imagem real e depois os grupos eram escolhidos para serem remodelados. Para grupo do qual participei recebemos uma reportagem sobre a cultura da nossa ilha, logo associamos a cultura ao fato das mudanças e supervalorização, somente, das brincadeiras de Bumba-Meu-Boi. E mais o fato do governo do Estado ter entregado dinheiro publico a uma escola de samba.
Começando o processo montamos novamente a nossa imagem real, e a professora permitiu que os demais colegas de sala fizessem modificações tornando nossa imagem real à imagem ideal deles. Nossa imagem inicial começou com a representação dos Bois de São Luís sob o comando da atual governadora. Logo todos começaram muda-la.
Surgiram escritores, professores, regueiros, quebradeiras de coco todos meios de simbolizar, valorizar e transformar a nossa cultura. Tudo envolto no trabalho de Bohal de fazer falar, fazer pensar, fazer agir.
O teatro do oprimido vem como um meio de produção que os grupos de teatro passam para o povo para que eles o utilizem da maneira como bem entendem para resolver situações cotidianas.
Um processo hora falado, ora de atos e mais que tudo cheio de significado. Afinal o teatro do oprimido nos dá o direito artístico de falarmos e assim nos incentiva a tornar nossas vozes mais ativas.



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BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S.A, 1975.


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