sábado, 16 de março de 2013

Protocolo dos Sonhos


por Wilson Teles T. Jr
Foi um susto quando a professora Gisele nos avisou que trabalharíamos com sonhos nesse módulo. Claro, pois é algo estranho a alguém que tem sonhos sóbrios e tantos pesadelos. Sempre foi mais fácil pra eu sonhar acordado, quero dizer, andando na rua, sentado no ônibus ou em plena sala de aula – vivo a divagar, não sei ao certo se há diferença entre sonhar e imaginar, mas acho que está valendo.
Ouço muito sobre sonhos alheios e às vezes até mesmo me aproprio de alguns sonhos bons e tento resolver os pesadelos, mesmo não tendo capacidade de lidar com os meus. E tratar disso na sala, seria no mínimo complicado. Todos falando de seus sonhos; suas bocas falavam, seus corpos mostravam e a caneta os registrava pra sempre sobre a folha de papel.
Como representar algo que não era meu, quando não tenho sonhos fantasiosos, e sim sonhos cruelmente reais e monótonos (sim, é foda controlar seus sonhos, depois de um tempo perde toda a graça)?
Costa (2009) fala da transformação de textos literários em espetáculos, uma prática bem comum nos dias de hoje e da importância da leitura e da escrita para a criação dramática. Novamente me aflige uma preocupação como escrever, ou melhor, ler aquilo que não me pertence?
Ter um banco de dados é um meio que Costa (2009) nos dá, para entendermos o que se passa numa criação do tipo (texto transformado em espetáculo). Dito isso, essa prática torna-se fundamental para se produzir um texto, então, com o que conhecia dos meus companheiros de sala pude compreender melhor o que seus sonhos significavam e assim conseguir adaptar os meus pensamentos aos seus sonhos. Me inseri no contexto.
Tudo parece de fato textual, textualizado ou textualizável, no sentido de que o universo das escritas multiplicadas ou das escritas sobre escritas, em um processo que parece infinito (...) (Costa, 2009, pg 48).
Em umas das aulas a professora pediu que nos movêssemos com uma musica, procurando formas de demonstrar nossos sonhos com movimentos, e percebemos mais uma fala de Costa (2009) que aponta a dimensão da dramaturgia teatral como algo muito amplo, devido sua interação com outras áreas.  Um grupo foi formado: alguns davam vida aos seus sonhos enquanto de fora um que fora escolhido como diretor, no grupo do qual participei era a Tiara, nos observaria e montaria uma cena com os movimentos que mais gostasse num momento de colagem e edição de imagem feita com nossos corpos. Depois de editado, foram nos dadas falas para serem ditas com os nossos movimentos, a minha caiu muito bem: Na minha fantasia nada dói, nada afeta, nada corrompe.
Outros processos foram feitos, mas esse que foi o mais simples foi também o mais relevante pra mim. Com ele percebi a importância de contextualizar e o quanto isso ajuda na hora da criação.

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