por Wilson Teles T. Jr
Foi
um susto quando a professora Gisele nos avisou que trabalharíamos com sonhos nesse
módulo. Claro, pois é algo estranho a alguém que tem sonhos sóbrios e tantos
pesadelos. Sempre foi mais fácil pra eu sonhar acordado, quero dizer, andando
na rua, sentado no ônibus ou em plena sala de aula – vivo a divagar, não sei ao
certo se há diferença entre sonhar e imaginar, mas acho que está valendo.
Ouço
muito sobre sonhos alheios e às vezes até mesmo me aproprio de alguns sonhos
bons e tento resolver os pesadelos, mesmo não tendo capacidade de lidar com os
meus. E tratar disso na sala, seria no mínimo complicado. Todos falando de seus
sonhos; suas bocas falavam, seus corpos mostravam e a caneta os registrava pra
sempre sobre a folha de papel.
Como
representar algo que não era meu, quando não tenho sonhos fantasiosos, e sim
sonhos cruelmente reais e monótonos (sim, é foda controlar seus sonhos, depois
de um tempo perde toda a graça)?
Costa
(2009) fala da transformação de textos literários em espetáculos, uma prática
bem comum nos dias de hoje e da importância da leitura e da escrita para a
criação dramática. Novamente me aflige uma preocupação como escrever, ou
melhor, ler aquilo que não me pertence?
Ter
um banco de dados é um meio que Costa (2009) nos dá, para entendermos o que se
passa numa criação do tipo (texto transformado em espetáculo). Dito isso, essa
prática torna-se fundamental para se produzir um texto, então, com o que
conhecia dos meus companheiros de sala pude compreender melhor o que seus
sonhos significavam e assim conseguir adaptar os meus pensamentos aos seus
sonhos. Me inseri no contexto.
Tudo parece de fato textual,
textualizado ou textualizável, no sentido de que o universo das escritas
multiplicadas ou das escritas sobre escritas, em um processo que parece
infinito (...) (Costa, 2009, pg 48).
Em
umas das aulas a professora pediu que nos movêssemos com uma musica, procurando
formas de demonstrar nossos sonhos com movimentos, e percebemos mais uma fala
de Costa (2009) que aponta a dimensão da dramaturgia teatral como algo muito
amplo, devido sua interação com outras áreas.
Um grupo foi formado: alguns davam vida aos seus sonhos enquanto de fora
um que fora escolhido como diretor, no grupo do qual participei era a Tiara,
nos observaria e montaria uma cena com os movimentos que mais gostasse num
momento de colagem e edição de imagem feita com nossos corpos. Depois de
editado, foram nos dadas falas para serem ditas com os nossos movimentos, a
minha caiu muito bem: Na minha fantasia nada dói, nada afeta, nada corrompe.
Outros
processos foram feitos, mas esse que foi o mais simples foi também o mais
relevante pra mim. Com ele percebi a importância de contextualizar e o quanto isso
ajuda na hora da criação.
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